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23 de abril de 2019
No terceiro dia
No auge do conflito com o Papa Pio VII, o imperador Napoleão Bonaparte recebeu uma tentadora proposta. Um certo Lepeaux apresentou-se com o objetivo de fundar uma nova religião. Com isso, Napoleão estaria livre das leis da Igreja católica, ficaria com seus bens e poderia divorciar-se. Mesmo percebendo as vantagens, Napoleão manteve seu senso crítico e indicou a Lepeaux as condições necessárias.
Você será preso, continuou o Imperador, será flagelado, coroado de espinhos e na sexta feira mandarei crucificá-lo – ou se preferir poderá ser fuzilado – nas primeiras horas do domingo você ressuscita. Depois disso, fundaremos a nova religião.
Vivemos, hoje, um período de intensa religiosidade. As novas religiões se multiplicam. Somente nos últimos anos surgiram cerca de 10 mil religiões “independentes”. Elas concedem todo o tipo de facilidades e nada exigem de seus seguidores. De um modo geral, elimina-se tudo o que significa compromisso. São religiões de consumo, à moda da casa, tipo buffet, cada um escolhe apenas o que lhe agrada.
A Ressurreição de Jesus é um fato absolutamente único na história. Lázaro e o filho da viúva de Naim, que recuperaram a vida, morreram alguns anos depois. Jesus está vivo, é nosso conterrâneo, caminha conosco, caminha à nossa frente. Cristo rejeitou o legalismo judaico e apontou dois pilares para seu Reino: o amor a Deus e o amor ao próximo.
Dois fatos chamam a atenção naquela manhã única do Terceiro Dia. Maria Madalena foi anunciar aos apóstolos: eu vi o Senhor (Jo 11,18) Ela não ouvira dizer: fizera a experiência do Crucificado-Ressuscitado. Esta é a condição de todo o evangelizador: ter visto Senhor. Naquela mesma manhã, Jesus esclarece: ide à Galileia e lá me vereis (Mt 28,7) Jesus aponta para o futuro para onde caminhamos.
Depois de dois mil anos temos a alegria de sermos testemunhas da Ressurreição. Nossa fé não se resume em algumas verdades, normas ou mesmo práticas, por melhores que sejam. Crer é caminhar com Jesus rumo ao futuro. A Ressurreição ilumina o horizonte de nossa Fé. Crer é andar pela vida, iluminados pelo mistério de Jesus de Nazaré.
Ele ressuscitou: hoje e no futuro repetimos: Feliz Páscoa. Isto significa abraçar o projeto de Jesus e caminhar com ele: só Ele é o caminho.
Frei Aldo Colombo.
PUBLICADO POR: Pastoral da Comunicação
CATEGORIAS: Geral, Pensando Bem